quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Profissão: Repórter


A internet tem me salvado de perder algumas preciosidades da TV que, via de regra, passam depois que dois terços da população já estão dormindo, inclusive eu. Consigo chegar, no máximo ao horário nobre, mas os especiais, minisséries e programas diferenciados insistem em ser notívagos boêmios das madrugadas.

Embora seja admiradora de Caco Barcellos e sempre jure por Deus que desta vez vou assistir o Profissão Repórter, não consigo ultrapassar o Toma Lá Dá Cá. Aquilo é um teste de paciência e dá sono, muito sono. Para a minha sorte, o site do programa do Caco tem agora todos os vídeos, na íntegra, de todas as reportagens.

Quando estreou o programa, como muita gente, eu também desconfiei – parecia um desperdício de talento ( no caso, do veterano repórter). A expectativa era alta, mas o resultado parecia não ser o esperado. O negócio ia bem, num ritmo legal, com o texto infalível do Caco até que apareciam os jovens repórteres com “os bastidores da notícia, os desafios da reportagem”. Havia um abismo entre os pobres mortais e o "professor". A vontade de fazer o tal jornalismo investigativo tornava a missão forçada. Quase uma historinha brega de detetives. Sem falar nos textos. Não que eles fossem ruins, ou talvez até fossem. Mas perto do Caco, é covardia.

De uns tempos para cá, a equipe afinou. Sempre com mudanças e gente nova, o Profissão Repórter conseguiu achar uma fórmula e ficar mais “redondo”. Agora, o comandante da trupe “costura” as reportagens e dá o tom do programa. Parece que a linguagem também se tornou menos alarmista, os jovens perceberam que contar uma história, por mais investigativa que seja, é diferente de brincar de polícia e ladrão.

Para mim, um dos episódios mais marcantes foi sobre o mundo do sexo (08/07/08). Histórias incríveis foram mostradas e esse tema, banal e já tão explorado, foi abordado de uma forma crua e nua, literalmente, sem tarjas pretas. Até mesmo o experiente Caco Barcellos, que já conviveu em morros com traficantes e bandidos em seu livro Abusado, admitiu em uma entrevista recente que ficou “chocado e deprimido” com as cenas que presenciou. Ele acompanhou a gravação de um filme pornô, entrevistou os atores à caráter, entre as cenas, com a naturalidade de quem entrevista um político engravatado. Também contaram a história de uma senhora de 74 anos que ganha a vida na prostituição, em uma praça de São Paulo. Histórias surpreendentes e, ao mesmo tempo simples, muito bem contadas.

No programa sobre pessoas desaparecidas (25/08/08), mais um show de reportagem, com uma produção impecável, um cuidado pouco visto atualmente e uma edição criativa, dinâmica – que tem sido constante nos programas.

O Caco Barcellos tem esse poder de transformar o jornalismo em uma causa. É um artista da profissão e, confesso, me emociona. Segue o link para quem quiser conferir a 1ª parte do programa “Sexo”.
http://especiais.profissaoreporter.globo.com/programa/category/as-tercas-feiras/

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