quinta-feira, 11 de março de 2010

Alguma coisa está fora da ordem

O mapa político do nosso mundo está sendo redesenhado.

A frase acima foi dita hoje por um importante ministro alemão, enquanto falava sobre o Brasil e as relações com o seu país. No salão, estavam empresários cujas companhias representam, ao menos, 5% do PIB industrial brasileiro.

Repentinamente, me soou estranho ouvir uma autoridade daquele porte, de uma das principais economias do mundo até então, falar do quão importante o Brasil está se tornando, de como saímos rápido de uma crise que fez ruir o castelo do tio Sam e que, na Europa, agora provoca reações capazes de ameaçar a Zona do Euro.

Que está havendo com o mundo? Alguma coisa me pareceu fora de lugar. O ministro – que, aliás, é gay e cumpre as viagens oficiais ao lado de seu companheiro, o que também é um sinal do avançado dos tempos – comentou também que essas mudanças que viram o mundo de ponta cabeça acontecem rapidamente hoje em dia, em 10 ou 20 anos, enquanto, no passado, demorariam 100 anos para se concretizar. É verdade.

Nesses 26 anos, desde que cheguei por aqui, muita coisa mudou. A última década, então, foi alucinante. Nasci em meio a uma ditadura no Brasil, presenciei a abertura econômica, um impeachment, inflação, crises, passeatas de “fora FMI”. Anos depois, o “analfabeto tosco” que, quando eu estava na escola, era rejeitado e xingado pela elite, vira presidente e torna-se o melhor amigo do crescimento econômico do Brasil.

Teve também ataque terrorista ao World Trade Center – um marco. Aí então, um negro de sorriso solto chega à presidência dos Estados Unidos, símbolo da arrogância, e na frente do mundo diz que o presidente do meu país “é o cara”. É o fim dos tempos.

Cuidar das plantinhas e da natureza deixou de ser uma lição vaga das aulas de ciências para se tornar o tema do momento. O mundo, como que num arrastão de catástrofes, começou a regurgitar suas doenças. É o fim dos tempos. Só pode.

Sem falar nas mudanças de comportamento – vi punk’s, clubbers, agora emos. Ih, tanta coisa mais...

Se o mundo não acabar (e eu acredito mesmo nessa possibilidade, dada essa conjuntura astral ), um dia direi aos meus filhos: eu vi a história.