Dá pra passar a vida incólume no meio de tanta DOR?No mesmo dia da tragédia em Santa Maria um encontro me fez pensar em felicidade
Uma
das coisas que sempre me causaram certo desconforto no discurso religioso em
geral é que, por trás, sempre há uma ideia de que vivemos nesse mundo para
aprender pela dor, corrigir erros passados, superar carmas.
A felicidade não é desse mundo.
A felicidade não é desse mundo.
Para
uns, o inferno é mesmo aqui; enquanto outros passam pela vida sem dores
quaisquer que não possam ser curadas pelo travesseiro e uma noite após a outra.
Passamos
a vida atrás de um amor pra ser feliz, cuidando da saúde para ser feliz,
trabalhando para comprar o que gostamos e viajar... tudo em nome da tal
felicidade. E aí, quando ela parece possível, a vida pega a gente pelo braço,
sacode e diz: ei, olha quanta tragédia ao seu redor!
Nessas
horas sempre penso: será que dá pra passar a vida incólume no meio de tanta
dor?

As
tragédias se somam diante dos nossos olhos sem dar fôlego ou chance pro
esquecimento.
Grávida
é baleada na frente de casa em SP e morre.
Tiroteio
em escola nos EUA mata 27 crianças.
Empresário
é morto a tiros durante o dia... a apenas algumas quadras da minha casa.
Diante
de câmeras de segurança nas ruas e celulares, não nos resta sequer a benção de
não querer ver. Acompanhamos o sofrimento alheio à beira de um ataque de
pânico, engolindo um suspiro egoísta que diz “ufa, não foi comigo. Ainda
sobrevivo”.
*****
Antes
que eu me torne mais uma consumidora de medicamentos para a Síndrome do Pânico
– cerca de 170 milhões de pessoas em todo o mundo são acometidas por esse mal atualmente! – preciso
lembrar que no mesmo dia da tragédia em Santa Maria um encontro me fez pensar
em felicidade.
Conheci
no aeroporto uma daquelas pessoas que já nasce com o dom de ser
feliz – não dependem de nada para serem felizes, nem nada pode lhes tirar esse
estado de espírito.
Ela
é modelo, economista, linda, jovem, inteligente, recém casada. Tudo perfeito?
Não. Há pouco mais de um ano recebeu um diagnóstico de linfoma que fez parar
sua vida aos 28 anos. Foi “chamada a
parar tudo e refletir”, em suas próprias palavras.
Do
câncer e seus dramas, como a perda de cabelo e quimioterapia, surgiram um blog, vídeos no youtube, uma coluna da Revista
Claudia, solidariedade e, certamente, uma energia que se propagou e ajudou a
muitos doentes.
Com
sorriso e fé, ela conseguiu superar a doença disseminando uma mensagem muito
bonita.
Em
alguns minutos de papo no carro, no trajeto entre Guarulhos e São Paulo, senti
essa energia bacana que algumas pessoas emitem com luz nutural. Antes mesmo de
ler o blog e conhecer a história a fundo, já era fã.
Em
tempos difíceis, sempre bom cultivar a esperança:
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