terça-feira, 2 de agosto de 2011

Como se transformar numa megera

Entrei no quarto enquanto as meninas se arrumavam. De meia grossa, casaco de lã e vermelha do banho quente. Senti calafrios só de vê-las com aqueles vestidos mínimos, coxas de fora, salto fino sem meias, maquiagem. Numa noite fria daquelas!Pensar que eu também encarava mega produções e roupinhas diminutas nesse idade. Céus, que bom não ter mais 19 anos (ou não).


- Ká, essa é a Tati, minha tia.
Tia. Eu.
Eu, tia.
Diante delas, a roupa quentinha numa sexta-feira a noite e a minha disposição para encarar a cama já pareciam um sinal de velhice. Mas TIA? TIA de verdade?
 
- Nossa, assim eu me sinto velha... Mas mulher do tio também não é legal, né? - Ri amarelo.

(O que eu queria dizer: Epa, eu tenho menos de 30. Não sou tia de alguém com 19 anos!)
A essa altura, meu humor já tinha ido para o espaço. O problema é que, mesmo feia numa noite de sexta e sem baile à fantasia algum pra ir, o programa mais irresistível para mim era o meu edredom quentinho – o que só estragou ainda mais o meu humor.

Piorou quando elas saíram do quarto: uma Cinderela e uma Pirata. Deus! Aquilo não era uma fantasia qualquer! Parecia, sim, aquelas vendidas nos sexy shops com personagens criados para o pecado.

(Velha e recalcada. É isso).
E veio o golpe fatal.
Eis que o meu marido (velha!) era o tio que ia levar as moças pra festa. Esbaforido, pegando o casaco e a chave do carro, passou na corrida, deu um beijinho quase no ar e me matou:

- Vou lá levar as gurias. Você não vai querer ir né, amor?
Aí, eu virei uma megera:
 
- É CLA-RO que vou, rosnei.(Eu queria dizer: Só porque tá fazendo 5ºC lá fora você tá pensando que eu vou te deixar ir sozinho pra ficar lá na frente do clube olhando aquelas ninfetas despidas?!).

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