domingo, 23 de agosto de 2009

Sem açúcar, sem afeto.

Dia desses li, não sei onde, algo sobre a busca da sociedade moderna pela ausência de dor e, de uma forma indireta, de sentimentos também. Temos remédios e soluções artificiais para tudo. As mulheres, para não sentir a dor do parto, optam por cirurgias e anestesias que, se por um lado tornam a função mais fácil, também tornam o momento tão frio quanto uma cirurgia no estômago, dizem. Se estamos cansados, tomamos energéticos ou algum tipo de estimulante porque temos que cumprir o trabalho ou ficar acordados por um motivo qualquer. Sono se controla. Falta de sono também. Remedinho pra dormir, caso um probleminha resolva atrapalhar. Não podemos mais ter variações de humor, tudo é uma questão de bipolaridade. Está na moda. Já vi muitas pessoas tomando Ritalina por terem déficit de atenção. Não sei os médicos avisaram que o preço pode ser uma psicose, adquirida como efeito colateral da balinha que muita gente toma até para ir a festas. A gente não quer ter dor de cabeça, não quer sofrer por um amor, não pode alegar cansaço no trabalho, não pode parar. Temos que ser máquinas que absorvem quantidades cada vez maiores de informações, que assobiam, chupam manga, twittam, falam no celular e respondem emails ao mesmo tempo. A gente tem que trabalhar sem se preocupar com hora, pois no mundo moderno não existe mais essa coisa de vida privada. Mundo chatinho esse sem dor, sem sentimento. Não tenho uma placa de ferro no lugar do estômago.

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