quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pérolas da babá

Estava lendo o blog da Leonor e fiquei morrendo de vontade de escrever umas coisas engraçadas e desconsertantes sobre o meu filho. A Leonor escreve cada coisa sobre o Luquinhas que o moleque acabou famoso no mundo virtual. As crianças costumam mesmo render boas crônicas. Pena que eu não tenho filhos.

Em compensação, fui babá da Emily e do Carlos, dois alemãezinhos que estavam, na época, com 1ano e meio e 4 anos, respectivamente. Mais conhecidos pela babá como o bebê gigante e a peste (respectivamente também).


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Num dia de sol, a babá-brasileira-mão-de-obra-barata estava no parque com a duplinha e mais outra babá-brasileira-mão-de-obra-barata que, por sua vez, carregava a sua própria alemãzinha de nome Clair. Parece que o Carlos simpatizou com a Clair. Como todos os machos, em qualquer lugar do mundo e em todas as idades, começou a estufar o peito e tentar parecer forte e protetor.

A Clair (3 anos), como todas as mulheres, em qualquer lugar do mundo e em todas as idades, se aproveitou. Veio se queixar de que um certo menino jogou um balde de areia sobre a sua cabeça, assim, sem razão alguma. O Carlos, para meu orgulho, se mostrou indignado e perguntou:

- Wer hat dass gemacht?
(Quem fez isso?, disse ele em alemão. Apesar de ser tão novinho, o danado conseguia falar muito bem a língua).

Satisfeita pelo efeito que conseguira produzir, a Clair espetou o dedo em direção ao parquinho e saiu pisando firme atrás do valente defensor. De longe, eu observava atenta e inflada de orgulho, esperando o momento de intervir para que o meu alemãozinho não destroçasse o azarado moleque que fizera mal à donzela.

Mas nada aconteceu. Depois de um papo calmo, o Carlos voltou, como se nada tivesse acontecido. Perguntei o que houve, você não ia defender a Clair? Não ia brigar com o malfeitor?

- Doch. Aber er war viel größer als ich.
(Sim, disse o meu nem-tão-valente-Carlos, mas ele era muito maior do que eu).

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Puta que pariu, que merda, saco – dizia eu enquanto trocava a fralda da Emy pela 543º vez no dia. Apesar de não gostar muito da tarefa, estava irritada mesmo era com a alemã, mãe das crianças e minha então patroa.

O Carlos, em pé, com o braço estirado, segurando no vão da porta, perna direita cruzada atrás da esquerda:

- Você está falando essas coisas todas em português por que não quer que eu entenda ou por que não sabe falar isso tudo em alemão?

Desconfio que a peste, além de falar muito bem o alemão, também falava português.

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