Foi um dos “retornos” mais rápidos que presenciei, comentei.
Não me refiro ao cigarro, mas à vida social noturna. O bebê de 6 meses havia
ficado em casa com uma babá contratada uma vez por semana, justo aos sábados,
com o único propósito de fazer o casal voltar a ter tempo para si e para os
amigos.

Como o bebê mamou apenas um mês no peito (por falta de
leite, não por escolha da mãe), ela pôde voltar logo a tomar sua cervejinha - vamos
combinar que sair pra noite sem beber só pode dar sono mesmo!
Segundo a Lu, o menino também se acostumou a dormir satisfeito com sua dose de mamadeira. Sem apologia à mamadeira (aliás, ela sofreu muito por não poder amamentar mais), mas a minha amiga-mãe acha que o fato de ele não ter mamado o deixou mais “independente” também.
Segundo a Lu, o menino também se acostumou a dormir satisfeito com sua dose de mamadeira. Sem apologia à mamadeira (aliás, ela sofreu muito por não poder amamentar mais), mas a minha amiga-mãe acha que o fato de ele não ter mamado o deixou mais “independente” também.
Diante da minha admiração, ela tratou de explicar: “não, não
é assim tão fácil”.
Se agora ela já está de volta ao trabalho e à vida social, conseguindo
lidar com a saudade após 4 meses de grude absoluto com o bebê, a gravidez foi a
parte mais difícil. No caso dela, diferente de uma outra amiga que sofreu com depressão pós-parto, o problema veio durante a gestação.
A Lu teve hipertensão, engordou bastante, teve depressão e
precisou tomar remédios para controlar a doença durante um período. Durante
consulta com sua psiquiatra, falando das dificuldades, tristezas e culpas dessa
fase, ouviu o seguinte da especialista:
“Existem dois tipos de mulheres: 10% nasceram mesmo para ser
mães e de fato não têm problemas em engordar, parar de trabalhar, etc. As outras
90%, mentem”.
O que ela quis dizer é: sim, você ama seu filho, quis muito
engravidar, está feliz e, ao mesmo tempo, sofre com as mudanças. Você não foi “treinada”
para ficar 24h por dia em casa e pode, sim, sentir tristeza, ainda que repleta
de amor. Contraditório, sim. Mas não, você não é a única.
Para completar, ela conta que resolveu fazer sessões de drenagem
linfática e aproveitou uma visita de sua mãe, a avó, que ficaria em casa com o
neto e uma empregada. Ela achou que poderia sair tranquila, mas acabou ouvindo uma
crítica forte da própria mãe:
“Eu nunca teria feito uma coisa dessas. Sair pra fazer
massagem e deixar o filho SOZINHO em casa, nessa idade”.
Não que a mãe dela fosse uma megera, mas talvez seja de uma “safra”
de mães que tenham abdicado muito da mulher em nome da mãe. Talvez fosse mais
fácil assim, ou não.
Cada geração tem seus conflitos e dilemas, mas creio que a
palavra CONCILIAR é o grande desafio das mães modernas. Aí é que tá.
Ser super-mãe, bonitona e profissional é o que todas querem.
E deve dar um puta trabalho! Imagino que seja impossível atingir esse ideal
completamente, e aí vem a culpa.
O que é certo? Ser mãe e ponto, se libertando pelo menos por
um tempo das obrigações estéticas e profissionais, ou ser mãe sem deixar de
lado a mulher, apesar dos sacrifícios impostos?
Acho que a resposta da psiquiatra seria:
Não sei.
Cada uma vai precisar descobrir quando chegar a sua vez.
E o mais fascinante disso – aqui da minha confortável posição
de observadora das amigas-mães – é que a complexidade de ser mulher nos leva
sempre de volta para dentro de nós mesmas.
Sim, somos complicadas mesmo, somos mentes e corpos intempestivos,
repletos de ventanias e trovões. E é nessa busca pelas mulheres dentro de nós
que chegamos ao nosso ápice.
“A mulher é metafísica; homem é engenharia. A mulher
]deseja o impossível; desejar o impossível é sua grande
beleza”, falou e disse, Arnaldo Jabor.
]deseja o impossível; desejar o impossível é sua grande
beleza”, falou e disse, Arnaldo Jabor.