quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vejo o futuro em flash-back

Li em algum lugar, recentemente, sobre um livro no qual a mulher, cujo casamento fracassou, vasculha suas decisões do passado para tentar descobrir como teria sido sua vida se não tivesse casado com o “ex-homem de sua vida”.

Ao procurar saber como e onde estão seus ex-amores, ela sonha com o que não aconteceu, não foi e nem será.


Hoje, orkut, facebook, twitter e email tornam esse contato com o passado muito mais fácil. Imagino como seria, antes, reencontrar alguém após anos e anos sem notícia alguma.

Quem presenciou o surgimento de todas essas mídias sociais ainda se lembra de que o grande barato inicial era, justamente, ver como estava Fulano, com quem andava o Sicrano.


Com acesso amplo a boa parte de vida de alguns “exes” (que, no meu caso, foram mais “casos” do que relacionamentos propriamente ditos), as revelações são um tanto tranquilizadoras. (Até que o futuro prove o contrário. Ou não). Diferente da moça do livro, que vê no passado apostas promissoras perdidas para sempre, cada nova aparição dos “falecidos” na tela do computador me provoca um “ufa” de alívio.


Vejamos. A primeira paixão, aquela que desperta na gente uma verdadeira obsessão e avalanche de imbatíveis frios na barriga. O cara lindo de coxas grossas, que jogava futevôlei na praia, olhos cor de mel e pele bronzeada, engraçado e popular, não se tornou jogador de futebol e nem modelo, como anunciava então. E as famigeradas pernocas não causam mais um arrepio sequer, no contexto corporal atual. Sim, ainda há dezenas de mulheres ao seu redor, mas homem que usa tiara no cabelo, convenhamos, não dá.


Tem aquele outro carinha, partido perfeito, olhos claros, estudante de medicina, certinho, romântico, que escrevia cartas fofas... esse largou a futura profissão nos EUA, engordou e, hoje, exibe no MSN frases que falam de Deus ou de letras de axé. Ah, sem falar no hábito tenebroso de chamar todo mundo de “linda”. Argh!


O roqueiro, então, uma farsa. O cabeludo cheio de atitude, vocalista de uma banda, rebelde, virou advogado, trabalha na empresa do pai. Casou-se, morre de medo da mulher e largou a música.


Se alguns mudaram tanto, há aqueles que sequer saíram do lugar. Um, com mais de 35 anos, continua agindo igual aos tempos dos 20. Outro continua na cidadezinha que nasceu, se agarrando a qualquer mulher como se fosse uma bóia de salvamento, como se a própria vida dependesse daquele apoio. O artista continua fumando maconha e o “tiozinho” segue na sua crise existencial...


A vida é muito mais fácil aos 15 anos... nada disso importa. Nenhuma escolha é definitiva.


Imagino o que diriam eles de mim... Assim como a maioria deles não cumpriu a promessa de sucesso e beleza, eu também não sou nada “imperdível” e também mudei.


Ainda assim, é bom olhar o passado pra ver que... passou.


E, como, cantam os Engenheiros do Hawaii, “nada faz a menor diferença quando a gente pensa no que ainda pode ser...”.

E, desculpa aí:

“Não foi por mal
 Não foi por nada
 Nada foi por acaso”













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