
O dia é o que acontece entre a saída e a chegada.
Na volta, o carro na garagem apressa a vontade. Lá fora é frio, cerveja, barulho. Carros buzinam para uma fila que não tem aonde ir. Aqui dentro, calor e vinho. Barulho de chuveiro e conversa através do vidro nublado.
Um livro, um filme, um jogo de futebol na TV, o sofá, a cama. As pernas se buscam novamente, agora afoitas, seguidas pelas mãos, lençois, boca, travesseiro, pele...
O ritual da rotina termina onde começou. O dia dorme com sabor acre do vinho, acorda doce.
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A gente percebe que envelhece quando prefere o lado de dentro. O mundo ainda é interessante, mas nem tanto.
E, perplexo, admite que é bom.
É muito bom.